A neurologia ganhou grandes avanços nos últimos anos em relação ao diagnóstico e tratamento de doenças, como a ressonância magnética.
Este exame de imagem possibilitou o diagnóstico precoce de algumas doenças, em especial as desmielinizantes, como a esclerose múltipla. Autoimune, nesta doença, alterações imunológicas atacam o sistema nervoso central, acometendo jovens, geralmente entre 18 e 40 anos. No Brasil, a incidência é de 25 para cada 100 mil habitantes.
A esclerose múltipla é uma doença inflamatória que acomete o cérebro e/ou medula espinhal cujas manifestações clínicas são muito variadas, daí o termo múltipla. Tal mecanismo se dá por uma agressão à bainha de mielina, estrutura que está presente na célula nervosa e que é responsável pela transmissão celular. Quando há uma lesão nesta bainha, ocorre uma dificuldade na transmissão, interferindo assim na função neurológica. Dependendo do local afetado do cérebro e/ou da medula espinhal os sintomas mais frequentes são distúrbios visuais (visão embaçada e dor, geralmente em um só olho), disfunções motoras (perda de força muscular), problemas de equilíbrio (perda da coordenação), disfunções sensitivas (alterações na sensibilidade) e fadiga (cansaço contínuo).
O diagnóstico é complexo e é preciso uma ressonância magnética de crânio e da medula espinhal associada à análise do líquor (líquido cefalorraquidiano) e ao potencial evocado visual (exame que estuda a condução do nervo óptico até o cérebro). O diagnóstico precoce é vital, pois a doença evolui em surtos e pode deixar sequelas irreversíveis.
Os neurologistas que trabalham com doenças autoimunes são treinados para dominar o complexo tratamento da doença, envolvendo medicamentos imunossupressores e anticorpos monoclonais. São medicamentos que necessitam de um local adequado para que o paciente receba o tratamento, em razão dos efeitos colaterais que apresentam.
Desde o ano de 2004, somos responsáveis pelo Centro de Referência do Estado de São Paulo em Marília e região e criamos também um centro de infusão para tais medicamentos.
● Prof. Dr. Luiz D. M. Melges e Dra. Natália Samadello Melges