Alô, mamãe?

Segundo pesquisa feita no Canadá, uso de celular e tablets por crianças muito pequenas pode atrasar o desenvolvimento de habilidades de linguagem e sociabilidade

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As crianças mal nascem e já criam uma conta no Facebook. Pode parecer brincadeira, mas o entretenimento presente em celulares e tablets pode ser um vilão para a vida social dos pequenos. Pesquisa canadense acompanhou quase três mil crianças de dois anos de idade e mostrou que elas passam, em média, 17 horas em frente das telas de celular por semana. Houve um aumento para 25 horas aos três anos, mas caiu para 11 horas aos cinco, quando as crianças começaram na escola primária. As descobertas foram publicadas no periódico JAMA Pediatrics.
Dados do Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) alertam que 57% dos usuários de internet entre nove e dez anos de idade acessaram a rede mais de uma vez por dia, em 2017. O último levantamento do Comitê Gestor da Internet, de 2015, informou que 82% das crianças e adolescentes usam o celular para acessar a web.

No Brasil, mais de 50% dos usuários de internet entre nove e dez anos de idade acessam a rede mais de uma vez por dia

Para o pedagogo Orlando Netto, o tempo de exposição nas mídias digitais por crianças deve ser muito bem assistido pelos pais, pois isto pode causar prejuízos no desenvolvimento infantil irreparáveis. “As tecnologias como o celular tornam a vida mais fácil, as informações ficam imediatas e muitos conteúdos são ricos para pesquisas escolares. Porém, o tempo excessivo na frente das telas, seja no computador ou televisão, causa o comprometimento das relações interpessoais do indivíduo menor. Essas relações são muito importantes para o desenvolvimento infantil”, argumenta.

Uso excessivo do celular por crianças pode afetar a sociabilidade no futuro

De acordo com ele, as crianças perdem as relações humanas com esse tipo de tecnologia e, com isso, deixam de brincar e de observar a natureza, vivências elementares para o desenvolvimento. “A tecnologia pode sim ser uma aliada da Educação e essa é uma realidade que só tende a crescer ao longo dos anos, como as lousas digitais, as pesquisas rápidas na sala de informática, tablets e aparelhos celulares”, complementa.

Tempo de exposição nas mídias digitais por crianças deve ser muito bem assistido pelos pais”,

diz pedagogo

O avanço tecnológico faz parte da realidade do sistema atual de ensino público e privado. “Ganhamos um tempo enorme otimizando nosso trabalho, deixando os alunos motivados e as aulas mais dinâmicas e prazerosas. Por exemplo, utilizamos a exploração em mapas usando o ‘Google Maps’ projetado na parede. Por outro lado, é nosso dever como educadores não ofertar apenas as tecnologias como forma de pesquisa e ensino, aprendizagem, pois todos os suportes devem ser manuseados como o próprio mapa em papel, jornais, revistas e livros que guardam informações, curiosidades e saberes maravilhosos”, conclui o professor.

Outros estudos já mostraram, ainda, que adolescentes têm dormido pouco porque ficam conectados até tarde na internet. Dormir menos de nove horas durante essa fase da vida pode comprometer o desempenho escolar e provocar problemas de comportamento, como mudanças repentinas de humor e agravar sintomas de depressão.

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